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Movimentos sociais lutam pela preservação e educação ambiental no Recife

A questão do lixo é um dos principais problemas enfrentados nos centros urbanos, e no Recife, a situação não é diferente. De acordo com a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), cerca de 30 mil toneladas de lixo são coletadas por mês. Só no ano de 2018, mais de 4 mil toneladas de lixo foram retiradas da rede de drenagem da capital pernambucana (bueiros, galerias e canais). Porém, parte da população realiza o descarte irregular de resíduos, gerando a poluição das ruas e rios da cidade. Diante da dimensão que esse problema ambiental tem tomado, mutirões de voluntários, organizados em coletivos ambientais, trabalham em ações de limpeza de áreas públicas, e em estratégias de educação ambiental para conscientizar a população da importância de manter a cidade limpa.

O trabalho da prefeitura do Recife em relação à limpeza urbana ainda está longe ser efetivo para a limpeza da cidade. Segundo o ranking do saneamento básico do Instituto Trata Brasil de 2019, que analisa a qualidade do saneamento básico nas 100 maiores cidades do país, o Recife faz o tratamento apenas 42,60% do esgoto. A destinação incorreta do lixo, que muitas acabam nos canais e esgotos da cidade, contribuem para a contaminação da água, além disso, o lixo sem destino correto em excesso aumenta a probabilidade de enchentes e alagamentos. Um estudo elaborado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE) aponta que os alagamentos causados pelas chuvas na Região Metropolitana do Recife são causados, principalmente, pela falta de conscientização das pessoas com relação ao lixo jogado nas ruas. A água não tem para onde escorrer porque os canais e córregos estão entupidos.

Devido a ineficácia dos órgãos públicos responsáveis de resolver esses problemas, muitos cidadãos criam iniciativas de caráter pessoal e não-governamentais, para ajudar nas soluções para inúmeros problemas ambientais. Um exemplo de como a população tem se organizado para ajudar fazer ações que ajudem na preservação ambiental na cidade é o movimento PE sem lixo. Criado em novembro de 2018 pela estudante de psicologia e serviço social Bárbara Lima, o movimento surgiu da angústia da jovem de se deparar com tanta sujeira pelas ruas e rios do Recife. “ O movimento tem o propósito maior de espalhar o sentimento de unidade, de nós somos a natureza, a gente não está separado dela. É é essa desconexão com a natureza que faz com que a gente jogue lixo no chão, e trate a natureza como o ser humano tem tratado. O propósito é trazer a reconexão e o sentimento de unidade com a natureza.” Explicou Bárbara.

A primeira ação do Movimento PE sem lixo aconteceu por causa do engajamento nas redes sociais. Bárbara perguntou em seu Instagram pessoal se as pessoas teriam interesse de participar de um mutirão de limpeza de praia. No dia marcado para a limpeza, 50 pessoas compareceram. “Depois disso eu comecei a ficar incomodada, porque eu percebi que essa não era minha forma de impactar. A efetiva transformação está no trabalho com as pessoas. Esse impacto de curto prazo, ele é bom, é necessário, o assistencialismo é necessário, mas o que realmente transforma é o impacto de longo prazo, que é gerado através do trabalho com as pessoas. Então é isso que a gente tem feito.” Afirma Bárbara.

As principais ações do movimento PE sem lixo são os mutirões de limpeza de praias, mangues e ruas, e projetos que estimulem a educação ambiental, tanto para a comunidade local, tanto para os próprios voluntários do movimento, como visitas a cooperativas de reciclagem, para que as pessoas possam aprender sobre reciclagem e levar essas práticas para as suas próprias casas.

Para a consolidação efetiva de um processo de sustentabilidade, é necessária a participação coletiva dos cidadãos, mas para atingir é preciso que tenha início no individual, ou seja, partir do particular para o geral. A participação do cidadão é indispensável na melhoria e conservação do meio ambiente.